sexta-feira, 12 de julho de 2013

As minhas filosofias baratas I

    É tão estranho sentir que sou eu, que sou alguma coisa! Sentir-me... existo e sei que existo e sei o que sou e o que faço e tenho consciência de tudo. E é estranho porque podia não ter. Porque podia não ser quem sou ou sequer o que sou. Porque é que eu sou eu e aquele pássaro é aquele pássaro? Porque é que não sou eu o pássaro e ele eu? E se eu fosse um objeto inanimado, uma cadeira, uma casa? Sentir-me-ia? Saberia eu que existia e que tinha coisas à minha volta e pessoas a andar, a falar e a passar sem se preocupar, sem saber que eu me sentia e as sentia e sabia? Provavelmente não. Provavelmente seria só uma casa... sem saber que o era, sem sequer saber que era alguma coisa, que era. Seria, sim, seria qualquer coisa. E existiria para sempre, mesmo que a casa se degradasse e os átomos se infiltrassem no ar, na água, num qualquer corpo de qualquer ser humano... E ainda assim nunca me sentiria. Existiria só, faria parte de um todo que depois deixaria de ser todo e passaria a ser um bocado de cada coisa, de qualquer coisa. Mas a casa seria sempre parte do meu eu separado e o meu eu seria para sempre uma casa, uma pequena casa. Nunca saberia disso, nem saberia o que tinha à minha volta, o que tinha em mim e para que servia uma casa e quem eram as pessoas que passavam por mim conscientes de si, que se sentiam, existiam e sabiam que existiam e não pensavam na pequena casa que era casa sem saber que o era. E passariam sem se preocupar.
   Não seria triste por não se preocuparem, nem feliz, nem nada. Seria uma casa, uma simples casa, nada mais.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Tragédia das empresas de telemóveis

   Ontem recebi uma mensagem muito interessante da Vodafone. Cito:
   "De acordo com o ECSI Portugal os Clientes Vodafone continuam a ser os mais satisfeitos do setor. Trabalhamos diariamente para manter a sua preferência."
   Portanto, a Vodafone mandou-me uma mensagem só mesmo para se gabar. Não gostei! Podia ser um bocadinho mais humilde e sensível, mas não! Decidiu humilhar publicamente todas as outras empresas de telemóveis: "Olha, olha, sou a Vodafone e os clientes gostam mais de mim do que de ti! Lalalalalala!!".
   Esta empresa é de facto muito pouco modesta. Nem sequer pensa nos sentimentos das outras empresas! E é que isto vai gerar problemas graves a nível nacional. Agora que a Vodafone resolveu deitar a concorrência abaixo, as demais empresas de telemóveis vão-se sentir tristes, devastadas, desanimadas... O que vai levar à criação de piores tarifários, pior atendimento e constantes avarias nos telemóveis e nos computadores das empresas. Os letreiros nas lojas vão cair, o pó vai-se espalhar no chão e nas prateleiras e os clientes vão ficar cada vez menos satisfeitos. O pior de tudo é que toda esta devastação vai fazer com que as empresas de telemóveis se tornem indivíduas muito menos interessantes, bastante deprimentes e incompreendidas; o que levará a uma muito pior sorte no amor. Ver-se-ão cada vez menos empresos e empresas a casar, o que levará à diminuição da natalidade. Ora, sem novos bebés-empresas a nascer, as empresas telefónicas entrarão em vias de extinção.
   Isto a mim parece-me um problema muito grave e por isso proponho que partilhem este post interessantíssimo, que fala de algo a que ninguém pareceu ligar nos últimos dias. Demissões no governo, a fome em África e as guerras não me parecem de todo assuntos assim tão prioritários e acho que deviam deixar de ser referidos na comunicação social. Deixemo-nos de brincadeiras e passemos aos problemas realmente importantes, minha gente! Ai, o povo está cego!