É ridículo e invulgar este mundo. Esquisito.
Há pássaros que voam sem saber como e pássaros que não sabem voar. Há flores de todas as cores e feitios, plantadas nas varandas, num grande jardim cheio delas ou sozinhas nos desertos. Sim, desertos, cheios de areia ou de gelo, quentes demais ou demasiado frios, sem ninguém, sem nada, que levam mentes ao desespero, outras à loucura e outras ao fascínio. Existe uma coisa chamada sol e outra chamada água que fazem deste mundo esquisito o que ele é. O sol é uma enorme bola de fogo pendurada no Universo, que chega até nós através de raios de luz e de calor. A água aparece na chuva, na neve, nas nuvens, nos rios que passam nas cidades e nos mares que passam no mundo. Mares de água salgada, com ondas e espuma e sereias e peixes que ondeiam, golfinhos que saltam, corais raros guardados bem no fundo. E há navios que lá se perdem e pescadores que de lá se alimentam e que lá morrem. E no meio do mar há terras, ilhas, onde vivem leões que rugem, lobos que uivam, gatos que miam, lebres que saltam, chitas que correm, águias, andorinhas, ratos... E homens.
Homens que criam e destroem, mentem, fogem e gritam. Fazem a guerra e a paz com as suas mãos e as suas palavras. Repetem erros vezes sem conta, até que se apercebem que já erraram de mais. Ou não. Comem, dormem, e fazem do comer e do dormir algo mais que apenas um método de sobrevivência. Desperdiçam a água que nos faz viver e tudo aquilo que o sol cria e destroem o mundo. Contam histórias e aldrabam-nas, estragam amizades e arranjam novas, mudam... E sonham. Sonham em voar como os pássaros, ondear como os peixes e as sereias, saltar como os golfinhos e as lebres, correr como as chitas, rugir como os leões... Sonham! Nascem a sonhar e morrem a sonhar e com os seus sonhos, bons ou maus, constroem o mundo.
Há coisas estranhas chamadas árvores, resistentes a quase todas as tempestades, com um corpo castanho e grosso e penas leves a brotar das pontas chamadas folhas. São verdes, amarelas, vermelhas, castanhas, inexistentes, dependendo da estação. E as estações são quatro: O inverno, branco e frio, um casaco, um abrigo, um encontro de família, uma lareira, uma prenda, um riso pelo Natal, uma flor, sozinha, no meio da neve; o outono, chuvoso, castanho e vermelho e amarelo, frio, mas que lembra calor e abraços e aconchego, o barulho de uma folha no chão, o som de passos na rua, o vento; a primavera, florida, colorida, um raio de esperança, um sorriso, uma dança, uma festa e chuva de Abril; o verão, quente, laranja, azul, limão, um salto de alegria, um mergulho, um matar de saudades, liberdade e um pêssego sumarento numa rede ao fim da tarde.
É ridículo e invulgar este mundo. Esquisito. E por isso é fantástico, é nosso.
Estava a ler o teu post e a música de fundo estava a tocar "Dead Can Dance - Amnesia" fiquei com os olhos húmidos (porque os homens não choram).
ResponderEliminarAmnésia
Vi a demonstração
No dia das recordações
A fim de que não esqueçamos a lição
Santificada em barro mortuário
A história nunca é escrita
Por aqueles que perdemos
O derrotado deve dar o testemunho
À nossa perda de memória coletiva
Acompanhado de cada geração vem
Outro lapso de memória
Veja as demonstrações da
Falha em aprender com nosso passado
Vivemos no tempo dos sonhos
Nada parece durar
Você realmente pode planejar um futuro
Quando não mais possui um passado?
Memórias caem das árvores
Amnésia
Memórias como folhas de outono
Se estamos sujeitos a
Mentes empíricas
Questiono-me o que há além
Da fronteira de nossa memória
Se a memória é a verdadeira soma
De quem somos
Suas crianças podem conhecer a verdade
E brilhar como a estrela mais radiante?
Memórias, ajudem-me a ver
Amnésia
Memórias, libertem-me
Todo o meu amor e todos os meus beijos
Doce Mnemosine
http://www.youtube.com/watch?v=9Ll3TaVmIfk
Sinto-me realizada por ter posto um homem com olhos húmidos! Ahahah
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