sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Animalodependentes

A maior parte de nós, humanos, é "animalodependente". O que eu quero dizer com este caprichoso palavrão é que quase todos nós temos o cruel vício de nos alimentar de pequenos e indefesos animais, muitos deles enérgicos e jovens, "criancinhas" inocentes sem a noção do terrível perigo que para eles é o ser humano. Leonardo Da Vinci sim, esse era um homem louvável; admirador de pássaros e paisagens, digno de respeito, penso eu. Diz-se que quando ia ao mercado e via pássaros presos e amontoados nas suas gaiolas, os soltava, os libertava, pagando depois a quantia devida ao vendedor. É como eu disse, um homem louvável e digno de respeito!
Agora nós, actuais seres humanos, somos "animalodependentes" e o nosso vício nunca deixa de ser cruel. A verdade é que mesmo eu, que faço todas estas declarações e defendo os animais indefesos que nos servem de alimento, me esqueço disso à hora do jantar. "É o instinto de sobrevivência" dizem os cientistas, "a lei do mais forte". "O tanas!" digo eu, pois sei perfeitamente, como todos nós sabemos, que somos apenas seres gulosos que gostamos do sabor do que é mais alegre no mundo. Por mais que tente (a verdade é que também não quero), não consigo abdicar dessa crueldade... e viverei com ela até os meus dentes caírem todos e as minhas gengivas ficarem tão moles que nenhuma prótese me sirva. Foi o instinto de sobrevivência que criou a obesidade.

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